Higiene Ocupacional: o que é, importância e agentes de riscos

A higiene ocupacional contribui para a promoção da segurança no trabalho, garantindo um ambiente saudável e produtivo. Através da identificação e controle dos agentes de risco, alinhados às normas regulamentadoras, as empresas podem proteger seus colaboradores, reduzir a incidência de doenças ocupacionais e acidentes, e cumprir com as obrigações legais, proporcionando um ambiente de trabalho seguro e sustentável.

Implementar um programa de higiene ocupacional requer uma abordagem sistemática que envolve identificação de riscos, avaliação da exposição, monitoramento contínuo, desenvolvimento de medidas de controle, treinamento e capacitação. Para que os ambientes de trabalho sejam seguros, é importante adotar práticas que atendam às normas regulamentadoras e minimizem a exposição a agentes nocivos.

A higiene ocupacional é regulamentada por diversas NRs, com destaque para a NR 17 que trata da ergonomia, abordando a organização do trabalho e a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, a NR 15 que define os limites de tolerância para exposição a agentes nocivos, e a NR 9 que estabelece o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que visa antecipar, reconhecer, avaliar e controlar riscos.

Neste artigo, explicaremos o que é higiene ocupacional, quais os principais agentes de risco, como é feito o reconhecimento de tais riscos, como implementar um programa na sua empresa, e quais EPIs contribuem para a segurança do trabalhador. Continue a leitura.

O que é higiene ocupacional?

Higiene ocupacional dedica-se à antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais que podem afetar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. Esses riscos podem incluir agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos presentes no ambiente de trabalho.

Seu principal objetivo é proteger a saúde dos trabalhadores, prevenindo doenças ocupacionais e acidentes de trabalho por meio de práticas e medidas que minimizem a exposição a esses agentes nocivos. Ela envolve uma série de procedimentos, como a identificação de perigos, avaliação de riscos, implementação de controles adequados, e monitoramento contínuo das condições de trabalho, sempre em conformidade com as normas regulamentadoras específicas.

Qual a diferença entre higiene ocupacional e segurança do trabalho?

Enquanto a higiene ocupacional se preocupa principalmente com a saúde dos trabalhadores a longo prazo, através do controle de exposições a agentes prejudiciais, a segurança do trabalho foca na prevenção de acidentes imediatos e na proteção física dos trabalhadores no curto prazo. Ambas são complementares dentro da gestão de saúde e segurança no ambiente laboral, mas têm focos distintos:

Higiene ocupacional

Foco: prevenção de doenças ocupacionais.
Objetivo: identificar, avaliar e controlar os agentes de risco que podem causar danos à saúde dos trabalhadores. Isso inclui agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos.
Atividades: envolve a medição de níveis de exposição a substâncias nocivas, análise de condições ambientais, e implementação de medidas de controle, como ventilação, substituição de materiais tóxicos, ou uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Exemplo: avaliação da qualidade do ar em um ambiente de trabalho para verificar a presença de gases tóxicos e, se necessário, introdução de sistemas de ventilação para reduzir a exposição.

Segurança do trabalho

Foco: prevenção de acidentes de trabalho.
Objetivo: garantir a integridade física dos trabalhadores, prevenindo lesões e acidentes através da identificação e mitigação de riscos imediatos e tangíveis no ambiente de trabalho.
Atividades: inclui a implementação de normas de segurança, treinamentos de segurança, uso de EPIs, inspeções de máquinas e equipamentos, e desenvolvimento de procedimentos operacionais seguros.
Exemplo: instalação de proteções em máquinas para evitar amputações ou ferimentos, ou treinamento de trabalhadores sobre como levantar cargas pesadas de maneira segura para evitar lesões.

Quais são os principais agentes de risco na higiene ocupacional?

Os agentes de risco na higiene ocupacional abrangem uma ampla gama de fatores que podem comprometer a saúde e segurança dos trabalhadores. O controle efetivo desses agentes é necessário para prevenir doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Eles são classificados em cinco categorias:

Agentes Químicos

Descrição: incluem substâncias perigosas em forma de poeiras, vapores, gases, líquidos ou aerossóis.
Exemplos: solventes, pesticidas, metais pesados, poeiras de sílica, vapores de ácidos.
Riscos: podem causar intoxicações, dermatites, doenças respiratórias, entre outros efeitos.

Agentes Físicos

Descrição: fatores ambientais que podem afetar a saúde física dos trabalhadores.
Exemplos: ruído, vibração, radiações ionizantes (raios X, radiações gama) e não ionizantes (micro-ondas, radiação ultravioleta), temperaturas extremas (calor ou frio).
Riscos: podem causar perda auditiva, problemas musculoesqueléticos, queimaduras, e doenças relacionadas ao calor ou frio.

Agentes Biológicos

Descrição: organismos vivos que podem provocar doenças infecciosas nos trabalhadores.
Exemplos: bactérias, vírus, fungos, parasitas, e produtos biológicos derivados como toxinas.
Riscos: podem levar a infecções, alergias, e outras doenças, especialmente em setores como saúde, agricultura e processamento de alimentos.

Agentes Ergonômicos

Descrição: fatores relacionados ao desenho e organização do trabalho que podem causar desconforto ou lesões.
Exemplos: movimentos repetitivos, posturas inadequadas, levantamento de cargas pesadas, trabalho monótono.
Riscos: podem resultar em lesões musculoesqueléticas, como tendinites, lombalgias, síndrome do túnel do carpo.

Agentes Mecânicos

Descrição: elementos do ambiente de trabalho que podem causar acidentes físicos.
Exemplos: máquinas e equipamentos sem proteção adequada, superfícies escorregadias, ferramentas manuais, quedas de altura.
Riscos: podem causar lesões como cortes, fraturas, contusões, amputações e até mortes em casos graves.

Como é feito o reconhecimento dos riscos ocupacionais?

O reconhecimento dos riscos ocupacionais é a primeira etapa no processo de higiene ocupacional e envolve a identificação e caracterização dos agentes de risco presentes no ambiente de trabalho. Este processo determina quais perigos podem afetar a saúde dos trabalhadores. O reconhecimento é feito através de uma série de procedimentos técnicos e metodológicos, que incluem:

Análise preliminar do local de trabalho

Observação direta do ambiente de trabalho para identificar potenciais fontes de risco, como máquinas, produtos químicos, e condições físicas.

Identificação dos processos e operações

Análise detalhada das atividades realizadas no local de trabalho, identificando quais processos podem gerar agentes de risco.

Caracterização dos agentes de risco

Identificação dos tipos de agentes (químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos) presentes no ambiente.

Análise de materiais e equipamentos utilizados

Registro detalhado dos produtos químicos utilizados, suas propriedades, e os riscos associados.

Estudo de documentos e normas técnicas

Consulta às normas específicas que regem as atividades da empresa, como a NR 9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e a NR 15 (Atividades e Operações Insalubres).

Avaliação de exposições ocupacionais

Realização de medições quantitativas de agentes físicos (como ruído e radiação), químicos (como vapores e poeiras) e biológicos (como contagens microbianas).

Relatório de reconhecimento de riscos

Elaboração de um relatório detalhado que documenta todos os riscos ocupacionais identificados, sua localização, e as condições de exposição.

Quais são as legislações e normas aplicáveis à higiene ocupacional?

A legislação e as normas aplicáveis à higiene ocupacional são abrangentes e visam garantir que os empregadores implementem práticas que protejam a saúde dos trabalhadores. O cumprimento dessas normas busca prevenir doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, criando um ambiente de trabalho seguro e saudável. Algumas das NRs mais relevantes para a higiene ocupacional são:

NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

Estabelece a obrigatoriedade de implementação do PPRA, que visa identificar, avaliar e controlar os riscos ambientais presentes no ambiente de trabalho. É uma norma fundamental para a higiene ocupacional, pois orienta a antecipação e controle de agentes nocivos.

NR 15 - Atividades e Operações Insalubres

Define os limites de tolerância para exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, e classifica as atividades e operações que são consideradas insalubres. Esta norma é crucial para a avaliação da insalubridade no ambiente de trabalho.

NR 7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)

Complementa o PPRA e obriga a realização de exames médicos periódicos, admissionais, e demissionais para monitorar a saúde dos trabalhadores e detectar precocemente doenças ocupacionais.

NR 17 - Ergonomia

Estabelece parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, abordando a prevenção de lesões ergonômicas e a promoção do conforto e segurança.

NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho

Define as condições mínimas de higiene, limpeza, e conforto nos ambientes de trabalho, como a disponibilidade de água potável, banheiros adequados, e áreas de descanso.

Quais são os equipamentos de proteção individual (EPIs) usados na higiene ocupacional?

Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são dispositivos utilizados pelos trabalhadores para proteger contra riscos específicos que não podem ser eliminados ou controlados completamente por outras medidas de segurança. Na higiene ocupacional, eles servem para proteger a saúde dos trabalhadores contra diversos agentes de risco, como químicos, físicos, biológicos, e ergonômicos. A escolha do EPI adequado depende do tipo de risco presente no ambiente de trabalho. A seguir listamos os mais comuns:

  • Máscaras de proteção respiratória (respiradores)
  • Máscaras cirúrgicas
  • Protetores auriculares (plugues)
  • Abafadores de ruído (conchas acústicas)
  • Óculos de segurança
  • Máscaras de solda
  • Luvas de segurança
  • Luvas antiestáticas
  • Capacetes de segurança
  • Capacetes com protetor facial
  • Roupas antichamas
  • Cintos de segurança (arnês)
  • Apoios de pulso

Como implementar um plano de higiene ocupacional na empresa?

A implementação de um plano de higiene ocupacional é um processo contínuo que requer planejamento detalhado, execução rigorosa e monitoramento constante. Ao seguir esses passos, a empresa pode criar um ambiente de trabalho mais seguro, proteger a saúde dos trabalhadores, e estar em conformidade com as legislações e normas vigentes. Confira a seguir os passos mais importantes: 

  • Levantamento de dados: realize um levantamento detalhado das atividades, processos e ambientes de trabalho. Inclua informações sobre produtos químicos utilizados, equipamentos, fluxos de trabalho e características dos trabalhadores.
  • Avaliação de riscos: realize medições quantitativas e qualitativas dos agentes de risco identificados. Utilize equipamentos de monitoramento ambiental e consultorias especializadas, se necessário.
  • Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): seleção e fornecimento dos EPIs adequados para cada tipo de risco. Treine os trabalhadores no uso correto dos EPIs e monitore sua eficácia.
  • Monitoramento de saúde: alinhe o PPRA com o PCMSO para garantir que os trabalhadores sejam monitorados periodicamente através de exames médicos, especialmente aqueles expostos a agentes de risco mais graves.
  • Treinamentos periódicos: realize treinamentos contínuos sobre higiene ocupacional, procedimentos de segurança, e uso de EPIs. Inclua simulações práticas e reciclagem de conhecimentos.
  • Avaliações periódicas: realize auditorias e inspeções regulares para verificar a eficácia das medidas de controle implementadas. Ajuste o plano conforme necessário para lidar com novos riscos ou mudanças no ambiente de trabalho.
  • Relatórios regulares: elabore relatórios detalhados sobre as atividades realizadas no âmbito do plano de higiene ocupacional, incluindo os resultados das avaliações de riscos, as medidas de controle adotadas, e os dados de saúde ocupacional.
  • Incentivo à participação: envolva os trabalhadores em todas as etapas do plano, desde a identificação dos riscos até a implementação das medidas de controle. A participação ativa dos trabalhadores aumenta a eficácia do plano e promove um ambiente de trabalho mais seguro.
  • Análise de indicadores: acompanhe indicadores de desempenho, como a redução de acidentes e doenças ocupacionais, e faça ajustes no plano de acordo com os resultados obtidos.

Conclusão

Como vimos, implementar um programa de higiene ocupacional pode assegurar um ambiente de trabalho seguro e saudável, protegendo os trabalhadores dos diversos agentes de risco presentes no local de trabalho. Esse processo envolve a identificação detalhada dos riscos, a aplicação de medidas de controle eficazes, e o monitoramento contínuo da saúde dos colaboradores.

A integração entre o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) garante uma abordagem abrangente, abordando tanto a prevenção quanto a monitoração da saúde dos trabalhadores.

Por fim, a participação ativa dos trabalhadores, a capacitação contínua, e a melhoria constante do plano são elementos que contribuem para o sucesso de uma política de higiene ocupacional eficaz. Seguindo essas diretrizes, a empresa não só cumpre as exigências legais, mas também promove a segurança, a produtividade, e o bem-estar dos seus trabalhadores.

Você conhece o programa de higiene ocupacional da sua empresa? Quer saber mais sobre o tema, leia outros artigos aqui no blog. O Instituto Santa Catarina oferece diversos treinamentos em Segurança do Trabalho, inclusive EPI e CIPA, entre em contato e solicite mais informações.